Louro festeja colonização alemã
Os 178 anos de colonização alemã de Antônio Carlos foram comemorados durante a festa de São Pedro Apóstolo de Louro. A comunidade foi berço da colonização no município, recebendo as primeiras famílias alemãs em maio de 1830. Os festejos incluíram homenagens às famílias de Leopoldo Freiberger e Avelino Müller, bandinha alemã, apresentações de danças folclóricas e concurso de chope em metro.
A seguir as fotos do evento e textos alusivos aos 178 anos da colonização alemã em Antônio Carlos.
Leopoldo Freiberger
Nascido em 18 de julho de 1881, natural de São Pedro de Alcântara. Filho de Eduard Edmond Freiberger e Catarina Reitz. Casou-se com Maria Luiza Wiese. Desta união nasceram Lamartine, José Leopoldo, Aloísio, Antônio Atanásio, Alvina, Mônica e Maria Matilde. Estudou as primeiras letras na Escola Pública Mista da freguesia de São Pedro Apóstolo, em Capela do Louro, residiu nesta comunidade. Desempenhava as funções de comerciante e político. Prestativo aos colonos, distribuía-lhes remédios e tinha uma pequena biblioteca em sua casa. Negociava, dispunha de uma chata (barco) e uma canoa, que navegavam pelo rio Biguaçu, entre Louro e a Sede do município (Biguaçu), na barra do mesmo rio. O porto dos dois barcos era situado na confluência do rio do Louro com o rio Biguaçu, no pasto de José Zimmermann (Zé Português), hoje propriedade de Nelson Antônio Zimmermann. Foi vereador (conselheiro) na Legislatura de 1919 a 1922 e superintendente (prefeito) em Biguaçu de 1927 a 1930. Foi o primeiro proprietário de um automóvel no distrito de Louro em 1925. Em sociedade com Antônio Scherer foi dono do primeiro caminhão em Alto Biguaçu, adquirido em 1930. Em outubro de 1930, a tropa revolucionária seqüestrou o veículo, que nunca mais foi devolvido. Sua esposa Maria Luiza construiu a gruta de Nossa Senhora de Lourdes em sua propriedade em 1940. Ainda hoje a gruta recebe muitos visitantes e é uma das mais antigas de Antônio Carlos. Leopoldo Freiberger emprestou seu nome a duas ruas: sendo uma em Biguaçu e outra em Antônio Carlos. Faleceu no dia 27 de janeiro de 1946.
Avelino MüllerNascido em 9 de agosto de 1912, natural de Antônio Carlos. Filho de Alberto Müller e Maria Ernestina Göedert. Casado com Cecília Zimmermann (Cila) em 7 de setembro de 1930. Desta união nasceram José Wanderlei, Selma, Suely, Elígio, Jairo, Maurino, Anésio, Vilmar, Célio, Décio, Ison e Valdeci. Cursou o primário em escola particular bilíngüe. Residiu no Louro em Antônio Carlos e em Biguaçu. Foi agricultor e posteriormente aprendeu o ofício de carpinteiro, ingressando na construção civil. Sua participação política aconteceu em 1947 e 1950, quando foi eleito vereador ligado ao PSD (Partido Social Democrático) do Distrito de Antônio Carlos. Em 1960, foi eleito prefeito de Biguaçu. Avelino aprovou, em 1963, os desmembramentos dos distritos de Antônio Carlos (Alto Biguaçu) e Governador Celso Ramos (Ganchos), então pertencentes a Biguaçu, para se tornarem municípios naquele mesmo ano. Governou até 1966. Em 9 de junho de 1967, recebeu o título de Cidadão Honorário de Biguaçu. Emprestou seu nome a uma escola básica e uma rua em Biguaçu. Faleceu em 4 de dezembro de 1984.
ColonizaçãoNo final do ano 1829, há 180 anos, desembarcavam no porto da então Desterro (hoje Florianópolis), um grupo de mais de 600 pessoas. Eles compunham a primeira leva de famílias imigrantes alemãs que iriam colonizar Santa Catarina. Para proteger as encostas que levavam ao interior do estado, o Governo Imperial lançou propagandas de imigração na Alemanha, massacrada por guerras, para atrair as famílias ao Brasil. Com a garantia das promessas de lotes de terra, ferramentas, sementes e assistência básica, os alemães embarcaram suas esperanças rumo ao Brasil, no outro lado do Atlântico.
Eles foram abrigados na Armação da Lagoinha do Leste, em regime de quarentena. Além das vidas ceifadas na viagem de navio, muitas padeceram em Desterro. Somente seis meses depois da chegada, quando muitas das sementes trazidas da Alemanha já estavam estragadas, as famílias passaram a ser assentadas às margens do caminho das tropas que levava a Lages. Nascia no meio da mata virgem a primeira colônia alemã de Santa Cataria, São Pedro de Alcântara.
Grande parte das promessas feitas pelo Governo não foi cumprida. Os imigrantes foram praticamente abandonados em meio aos perigos da selva e à falta de assistência. Para superar os desafios não faltou coragem e determinação de um povo de grande força e fé.
As condições de solo ruim no alto da serra levaram os colonos a procurarem novas áreas para as plantações. João Henrique Schöeting comandou a expedição que desbravou as planícies do rio de Louro. Tornando aquelas áreas o berço da colonização alemã das terras que iriam compor o município de Antônio Carlos. Relatos históricos apontam a data de 6 de maio de 1830 como estabelecimento de Schöeting na região de Louro.
Em 1838, os alemães são autorizados a erguer capela em honra a São Pedro Apóstolo no Louro (réplica abaixo), então berço da colonização. A mesma capela foi elevada à Paróquia em 1863 e anexada a São Pedro de Alcântara. Pe. Alberto Gattone foi nomeado vigário, mas nunca tomou posse. A paróquia não foi efetivamente constituída. De Louro, os alemães se espalharam para outras regiões do Alto Biguaçu.
Hoje, 178 anos depois, em mais uma festa em honra a São Pedro Apóstolo, rememoramos aqueles que deram o primeiro passo na formação de nosso município que cresceu forte, porque teve raízes fortes.
Parabéns Louro, parabéns Antônio Carlos.